O título acima não quer dizer que eu vá escrever sobre genética especificamente em sua parte técnica, que eu acho que deve ser feita para quem entende. Minha intenção aqui, é comentar sobre um pequeno detalhe que em muitas vezes, dentro de nosso criadouro, nós esquecemos.
Deixando a enrolação de lado, parto para a experiência vivida por mim neste começo de criação. Em Março deste ano, resolvi formar um casal de portadores de Fulvo que eu tinha criado em anos anteriores, para tentar manter e melhorar esta variedade em meu plantel. A primeira postura apresentou 8 ovos cheios, com nascimento de 6 filhotes (2 morreram logo após nascer). Nenhum fulvo. Na segunda postura foram mais 7 ovos, com mais 6 nascimentos e desta vez, a surpresa: nenhum fulvo. Voltei ao computador e aos registros que guardo manualmente, será que eu tinha me enganado, e algum daqueles pássaros não era portador? Mas, os registros indicavam que eu estava certo. Confesso que pensei em separar o casal, como pode depois de 12 filhotes não ter nascido nenhum fulvo?
A curiosidade tomou conta e eu deixei o casal fazer a 3 postura. Desta vez 8 ovos cheios, e nesta semana finalmente descascou o primeiro fulvo. Todo este relato para primeiro mostrar que conformes as leis Mendelianas, deste cruzamento só iremos obter 25% da prole fulvo, os outros 75% serão pássaros fenotipicamente normais, como os chamamos quando estamos comparando com um gen recessivo.
O outro ponto que quero alertar, e que eu acho muito mais interessante, é que uma vez eu li (por favor me corrijam se estiver errado) que, é preciso a geração de pelo menos 16 “filhos” de um determinado cruzamento, para que se possa afirmar com certeza que tal fator existe ou não nos gens dos pais. Ou seja, em um cruzamento igual ao que eu fiz, antes do 16º filhote ter nascido eu não poderia dizer que eles não eram portadores do fator fulvo.
E aqui entra um artigo que eu li de um criador inglês que dizia o seguinte, quando formamos os casais visamos um determinado objetivo, na maioria das vezes na busca da melhora de qualidade, e logo na primeira ninhada nos decepcionamos com o resultado. Normalmente deixamos a segunda postura e se o resultado se repetir, imediatamente separamos o casal. Se levarmos em consideração o que eu acabei de escrever acima, só deveríamos estar certo de que o casal realmente não é compatível, após um número excessivo de filhotes, já que, a qualidade dos pássaros está ligada diretamente com a genética. E agora vem a pergunta, quem nos dias atuais consegue tirar 16 filhotes de um mesmo casal no ano? Ou para melhorar, quantos casais em seu criadouro geram mais de 16 filhotes por ano? Devemos reconhecer que não é uma coisa tão normal nos dias de hoje.
Muitas vezes temos o resultado ao contrário, eu por exemplo este ano fiz um casal onde nasceram 5 filhotes (2 morreram já empenados) e os outros 3 são para mim, os melhores do ano até agora. Pena que a fêmea morreu com ovo atravessado, e eu não pude tirar os 16 filhotes que pretendia, na esperança que todos fossem iguais aos primeiros e só o último fosse o pior de todos.